A noite do Caldo

 

Após a última Ação Social, já começamos a buscar doações de cobertores e roupas para a próxima Ação Social.
Nossa primeira opção era somente a distribuição de cobertores e roupas.
Mas em reunião com o grupo decidimos fazer uma sopa, já que era para aquecer, nada como um Caldo Verde com um pãozinho para a noite dos moradores de rua.

Rapidamente, no próprio grupo do Whatsapp já conseguimos as doações dos ingredientes, então nem vamos trazer aqui a lista dos ingredientes para o Caldo.

 

Ação Social Concluída

 

Todos muito envolvidos, estávamos muito alegres seguindo as orientações de Jesus, fazer o bem não importando a quem.

A Dirce recebeu 20 cobertores onde foi transformado em Ponche, logo que todo o pessoal chegou para ajudar no preparo, já colocaram os ponches e ficamos todos uniformizados até a entrega. Estava frio e realmente aquecia. De maneira que fomos entregando os ponches junto com o Caldo Verde.

No total foram doados 93 cobertores.

Sendo que 73 cobertores vieram da Rifa que foi feita justamente para esse objetivo.

E 20 que foram transformados em Ponches.

Agradecemos a todos que participaram: doando e cooperando de alguma forma, pois sabemos que muitas pessoas ajudaram.

É muito bom fazer o bem. Nos sentimos de alma lavada. Não é muito o que fazemos, mas o pouco que fazemos, o fazemos de coração.

Então tudo pronto, saímos para a distribuição e algumas histórias vale a pena registrar:

  1. Logo no primeiro momento, nos emocionamos ao encontrar o sr. Edson, deitado em frente ao supermercado Extra do Centro de Osasco. Estava dormindo abraçado a uma mala vermelha, nova, bonita. Ele acordou e já começou a chorar, dizendo que ele não prestava e que não precisava dar nada para ele, era para dar para outro que merecesse. Era o seus primeiros momentos na rua, expulso de casa pela esposa, estava chegando ali naquela hora. Conversamos muito com ele, dizendo que Deus se preocupava com ele, enfatizando que ele era importante sim e que nós estávamos lá por ele. No final ele aceitou a sopa, voltou a sorrir e até repetiu o caldo afirmando que estava delicioso.
  2. Paramos em frente ao pontilhão do Largo de Osasco onde estávamos entregando as roupas e o Caldo a todas as pessoas que estavam ali, quando a Vanessa ficou sabendo que tínhamos roupas quis ir até o carro ver o que servia para ela. Ela ficou maravilhada com uma calça branca que serviu certinho nela, elogiou o nosso trabalho e até tirou foto com a nossa equipe.
  3. No mesmo pontilhão, havia um homem sem blusa e o Henrique tirou o ponche que usava e entregou a ele. O senhor que recebia o ponche, ficou maravilhado com a atitude e ainda comentou, você tirou sua própria roupa para me dar? E chorou e disse: vou pegar ela quentinha do seu corpo. Deus vai abençoar muito vocês. Amanhã, domingo, vocês vem também? Porque domingo ninguém traz nada.
  4. Na ponte de ferro encontramos um grupo. Um deles pediu uma oração, mas que ele mesmo fez, e por sinal muito bonita. Finalizando com o Pai Nosso. O que nos chamou a atenção em suas palavras foram ele pedindo a Deus que abençoasse a todos nós que fazemos esse trabalho nas ruas.
  5. No Mercadão Municipal encontramos um senhor que já o ajudamos diversas vezes em outras Ações Sociais. O Célula de Luz (Sérgio) veio correndo chamar a Brisa do Mar (Dirce) para mostrar o Sr. Dirceu a ela. Em outra oportunidade dizíamos que ele ia casar com a Dirce por terem o mesmo nome. Ela chegando e o comprimentou e ele rindo muito disse: hoje eu vou tirar a barriga da miséria. Ele comeu por duas vezes.
  6. Junto ao Sr. Dirceu encontramos o Jamaica, uma figura. Rimos muito com ele. Ele chegou transtornado, e encarando muito o Luhen (Henrique), parecia que não éramos bem vindos. Perguntamos se ele queria uma sopa, está quentinha e do nada ele mudou o humor, já se apresentou e contou que ele estudou várias línguas, já viajou o mundo todo e veio do Recife. Aqui em SP ele vendia DVDs e o rapa sempre pegava tudo dele. Nos mostrou uma chave e disse que era da casa dele, estava na rua porque ele a família ficava no pé dele. Os outros moradores de rua não gostavam de ficar perto dele porque ele dizia: Eu sou o Jamaica que sabe de tudo. Estávamos indo embora quando ele decidiu se sentar numa caixa de papelão. Ele afundou lá dentro e ficou morrendo de rir com o copo de caldo verde na mão. Não caiu nada. Quando o ajudamos a levantar a caixa veio grudada nele e foi uma farra.

O Caldo Verde acabou e ainda tínhamos aproximadamente 40 cobertores e algumas peças de roupas, então fomos até Carapicuíba, num ponto onde ficam muitos usuários de droga. E rapidamente zeramos todos os cobertores e roupas.

Foi muito importante termos ido até esse último lugar, pois um colega da equipe (Felipe) comentou: Se não tivéssemos ido lá, muitos deles teriam dormido no chão frio sem cobertores. Quando a gente escolhe a quem fazer o bem, acabamos fazendo o mal!

Nos despedimos lá em Carapicuíba com a sensação de missão cumprida. Até comentamos, vamos voltar aqui outras vezes para ajudar a essas pessoas.

Agora vejam alguns momentos nas fotos registradas: